sexta-feira, 2 de outubro de 2015

São Francisco: o rio que agoniza todos os dias


Por Lucas Sobreira e Christyanne Caldas
Todos os dias são depositados no rio São Francisco mais de 500 mil metros cúbicos de esgoto, tanto em Petrolina(PE) quanto em Juazeiro(BA). É visível, para quem atravessa o rio diariamente o aumento das baronesas, uma planta que se reproduz em água suja.  As margens das cidades, duas empresas jogam dejetos no Velho Chico: a Companhia pernambucana de saneamento (Compesa) no lado pernambucano, e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Juazeiro (SAAE), do lado baiano. 
A promotora do meio ambiente de Petrolina, Ana Rúbia, explica que há mais de 13 anos luta contra o esgoto jogado no rio pela Compesa. “Nós levamos dois anos investigando a Compesa, que coletava e ainda coleta todos os esgotos em Petrolina. Toda a bacia central de Petrolina dos esgotos é coletada pela Compesa e lançada in natura no rio São Francisco”. 
A Agência Municipal de Meio Ambiente de Petrolina (AMMA) entrou com uma ação contra a Compesa e a empresa foi multada em um milhão de reais por jogar esgoto no rio sem tratamento. O diretor regional da companhia, Igor Galindo, diz que a empresa recorreu da decisão judicial por acreditar que isso é uma inverdade e disse que quem joga o esgoto no rio é a Prefeitura e não Compesa.
Segundo Galindo, a companhia fez a sua parte com a construção do sistema Vitoria em Petrolina e poderá ser a primeira cidade 100% saneada de Pernambuco. A obra começou em dezembro de 2011 e está orçada em R$ 65 milhões, com recursos obtidos em convênio com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), via Ministério da Integração Nacional. O serviço prevê a ampliação da rede de esgoto e construção de novas unidades de tratamento.  “Duas estações de tratamento de esgoto serão ampliadas. Espera-se finalizar até o final deste ano”, observa Galindo.
Já cidade de Juazeiro a situação não é diferente, segundo a técnica do meio ambiente do SAAE, Thais Lima, ainda não tem previsão de acabar com o esgoto jogado in natura o rio. Nesse sentido tem desenvolvido ações educativas. "Outra ação será a construção de elevatórias e de melhor controle da qualidade da água que chega às torneiras do consumidor, mas ainda sem prazo para a construção", afirma Thais.
Várias organizações não governamentais lutam pela preservação do rio, como é o caso do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). Erika Daiane, que atua na área de comunicação desta organização, fala dos desafios na preservação do Velho Chico. “Fazemos eventos para conscientização, como o dia do Rio São Francisco, para que a população, que não está muito engajada, entre nesta causa. Mas não devemos só lembrar do rio nesta data e sim sempre, com uma ação continuada para gerarmos multiplicadores em defesa do rio”, conclui Erika Daiane.

Produção: Christyanne Caldas, Etelvir Santos, Jorge Luis 
Foto e vídeo: Christyannne Caldas

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